quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Queria falar sobre você em um poema que fosse lindo e farto, a ponto de encher teus olhos d’água e te cobrir de certezas. Mas eu não faço poemas, não tenho esse dom. De alguma forma queria que qualquer palavra minha te alcançasse, e fizesse diferença em teu espírito, acariciasse teus cabelos macios e o teu olhar manso. Queria que minha palavra deitasse em seu peito misturada ao seu perfume caro, ao seu ardor secreto, a sua falta de pudor e excesso de medo. Uma palavra que te escorresse pela boca, te beijasse em esquizofrenia. Você é o cara mais medroso que conheço. Do tipo que não sabe ser amável se não estiver em silêncio. De uma forma que eu não consigo receber teu lado adorável se não estiver muda. As palavras te assustam, as tuas, as minhas e as do resto do mundo.
Mas pelo menos hoje eu queria que alguma palavra minha chegasse até você. Intrigante, indiscreta, fora do comum. Num contexto que você não desaparecesse na segunda estrofe. Num verso que te fizesse para sempre sereno, que te fizesse para sempre eterno. Queria que uma frase minha te cobrisse e virasse abrigo para os teus exageros. Que desfizesse suas malas. Que virasse casa para você voltar. Que fosse a melhor viagem do seu pensamento. Alguma coisa que conseguisse prender tua atenção além de um minuto, onde seu coração desejasse morar, onde o teu prazer desejasse existir. Mas as minhas palavras são fajutas e simplórias. Nada que eu disser será rima, nada será profundamente encantador. Minha impaciência não faz verso, minha saudade não vira prosa. Minhas desistências me fazem parar diante da vírgula e eu continuo te perdendo de vista.
Queria que uma palavra minha te chamasse a atenção, te trouxesse pra perto. Que fosse como um beijo sem pressa. Queria escrever qualquer coisa pra não te assustar, não te fazer retroceder. No mais, queria um texto que levasse teu nome, que bagunçasse teus brios. Queria escrever-te inteiro por dentro, pra te ouvir  (e sentir) me ler outra vez.

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